FATOS

"Eu ontem joguei tanta coisa fora. Ví o meu passado passar por mim. Cartas e fotografias, gente que foi embora... a casa fica bem melhor assim.". Este trecho da música dos Paralamas traduz toda a essência do que quero dizer no post de hoje. Como somos apegados ao passado (mesmo recente), e nem nos damos conta de que em alguns momentos isso não nos faz bem. Eu ontem, literalmente, joguei fora cartas e fotografias no lixo, pois são de pessoas com quem não falo há 10, 15 anos, sei lá... e se eu as encontrar hoje, não as reconhecerei. Fisicamente pode ter sobrado algo de semelhante, mas por dentro não somos mais os mesmos. Por onde andarão esses estranhos? É o mesmo que guardar bilhete de ex-namorado. Que sentido tem? Já ví casais que vivem às turras com o seu "kit de quando e como éramos felizes" intocável (fotos, cartinhas, bichinhos de pelúcia, o primeiro isso, aquilo), como se viesse restaurar a estrutura desgastada de um relacionamento.
O mundo de hoje é movido por pessoas que têm a capacidade de adaptar-se às mudanças geradas pelas relações sociais e pela forma como o indivíduo se insere neste contexto. A pergunta de antes era "Quem sou eu?". A de agora é "Como eu estou"?. Somos sobreviventes. Diferenciar uma pessoa sozinha de uma solitária requer sensibilidade e isso infelizmente, não é para todos. Queremos viver tudo, queremos dormir tudo, queremos falar e ouvir tudo. Isso gera um descompasso numa relação a dois. Isso é normal, afinal, somos indivíduos de interesses próprios e não nos anulamos como pessoas quando nos unimos a outra. Quando há conflitos, tem que haver diálogo. Se for impossível o mais importante é não querer saber o porquê: primeiro, por que "eu acho isso, ou eu acho aquilo": errado. SEMPRE achamos errado. Segundo: 2+3=5, 1+4=5, 5+0=5, ou seja há muitas formas para se chegar a um resultado e ficar especulando causa um sofrimento enorme. A imaginação é fértil demais. Então chegamos ao ponto crucial; temos que nos ater aos fatos. Se ele nao ligou, não tente imaginar o porquê, pense que ele não quis falar com você. Se ele terminou com você, não culpe aquela roupa ou seu penteado, ou aquela amiga que você desconfia que dá bola pra ele. Atenha-se ao fato de que ele não te quis e pronto. Sei que é um jeito meio duro de encarar a vida, mas levo a minha dessa forma e por não ser fácil, sempre procuro entoar meu mantra mental: atenha-se aos fatos. Afinal, como disse o Dalai Lama, o desejo é que causa o sofrimento.

Comentários

  1. Incrível! Você realmente é uma pessoa impar. Adoro ler suas histórias. As vezes me vejo nas suas palavras, as vezes me pego viajando nelas.
    Parabéns Electra!

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  2. Comecei a ler sua postagem e me lembre de "Faxina da alma"...
    Fiquei pensando se também não tenho tido coisa demais do meu passado em volta de meu presente me atrapalhando a abrir portas para o futuro...
    Tenho passado por aqui direto; e amando...
    Beijos!

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