Mal nenhum

Nunca viram ninguém triste
porque não me deixam em paz
As guerras são todas tão tristes
E não tem nada de mais

Me deixe o bicho acuado por um inimigo imaginário
A correr atrás dos carros
Como um cachorro otário

Me deixe ataque equivocado por um falso alarme
Quebrando objetos inúteis
Como quem leva uma porrada

Me deixe esmurrar a faca
Amolar a faca cega da paixão
E dar tiro à exmo
E ferir sempre o mesmo cego coração

Por isso não me escondam suas crianças,
Nem me chame o sindico
Não me chamem a policia,
Não me chamem o hospício

Eu não posso causar
Mal nenhum a não ser a mim mesmo
A não ser a mim

Eu não posso causar
Mal nenhum a não ser a mim mesmo
A não ser a mim

Mal nenhum eu atiro atrás dos carros
Mal nenhum me deixe esmurrar a faca
Mal nenhum eu não posso causar mal nenhum
A não ser a mim mesmo

(Lobão)

De quem está exilada em seu próprio mundo,
não caberia palavras melhores para definir-me hoje.

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