Semana Santa: saudade da infância
Sexta-feira santa,
tem cheiro de infância.
“O céu ficará triste às três horas”,
dizia minha avó em tom solene.
Sentia um misto de medo e euforia,
no fundo tudo era profunda alegria,
diferente do adulto, que nada teme.
Lembro de minha mãe,
implicando com o som alto,
falando sobre pecado, fim de quaresma,
recato, e das orações por fazer.
(Mas que noção de pecado,
uma criança pode ter?)
Adorava ir à procissão,
deixar a vela escorrer na mão.
Ver os trajes dos soldados romanos,
Cristo em sua mortalha,
beatas com seus véus e panos
como viúvas de veteranos,
às vésperas do Judas de palha..
Tudo vai ficando no tempo,
mas há sinal forte na memória.
Porque sei que quando saio do prumo,
Perdendo demais o meu rumo,
Mergulho em minhas lembranças,
e essa, mais que todas, me ancora.
Natchios – 17/04/03 – 18:15h.
(Atacada de nostalgia)
Rememorando, era D. Ré quem falava da tristeza do céu nas tardes das sextas-feiras da paixão. Saudades da infância nas semanas santas no jaraguá, na casa da vovô em Santa Efigênia e das procissões em Ouro Preto.
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