Semana Santa e Ouro Preto
Impressionante como nossa cabeça funciona. Uma lembrança passa numa fração de segundos em nossa mente e essa te leva a outra, que te leva a outra como se fosse um link após outro, abrindo páginas dentro do cyberspaço. O pensamento é hipertextual, funciona não de forma linear, mas como elos que vão se formando aleatoriamente, nos remetendo a coisas, lugares, épocas, situações muitas vezes esquecidas ou tão fora daquele contexto que chegamos a nos perguntar "Como fui me lembrar disso?"
E dentro desse meu entendimento sobre o que muitas vezes a nostalgia aparece, ora suave, ora doída, é que tento me perceber hoje. Digo hoje, quarta-feira, 21 de abril de 2011. Uma frase do meu tio Pedro, que mora em SP, falando sobre uma comidinha mineira que ele comeu ontem. Bastou isso para desencadear uma sucessão de lembranças, tudo em fração de segundos e por fim, estava eu vendo-me na adolescência, durante as semanas santas passadas em Ouro Preto. Acho que não preciso falar mais nada. Tenho uma poesia para aquela terra e essa época tem mais a cara daquele lugar do que qualquer outro pedaço de terra desse mundo.
Ouro Preto
Chove em Ouro Preto
Água benta,
água desce.
Queria só o frio,
não queria chuva.
Mas o céu a mim não obedece.
São tantas igrejas,
tanto sobe e desce.
Gente demais pra pedir perdão,
pra entoar mais uma prece.
Uma multidão de fiéis para Deus ouvir
que de mim Ele se esquece.
Água benta,
água desce.
Queria só o frio,
não queria chuva.
Mas o céu a mim não obedece.
São tantas igrejas,
tanto sobe e desce.
Gente demais pra pedir perdão,
pra entoar mais uma prece.
Uma multidão de fiéis para Deus ouvir
que de mim Ele se esquece.
Vim de outro lugar, aqui fui feliz,
a vida por um minuto me quis.
Alegria fugaz em lampejo.
Se ouvir o meu segredo,
saberá que da morte
não tenho medo.
Sem saber da minha sorte,
minha alma sempre há de vagar
pelas ruas de Ouro Preto.
a vida por um minuto me quis.
Alegria fugaz em lampejo.
Se ouvir o meu segredo,
saberá que da morte
não tenho medo.
Sem saber da minha sorte,
minha alma sempre há de vagar
pelas ruas de Ouro Preto.
Electra N. Barbabela
Minha nossa, quanto mais te leio, mais me encanto nas tuas letras. Por mais que te leia, ainda assim, a cada vez que a leitura retorna, o encantamento é o mesmo da primeira vez.
ResponderExcluirParece que Ouro Preto fora sua porta de entrada nesse mundo, e assim sendo (creio), ao misturar os seus loiros no azul do céu dessa cidade, Ouro Preto ficou exatamente como seu sorriso... Eternamentes bonitos.
Parabéns, sua poesia é tão sutil, tão linda, que não tive como não me emocionar.